Sempre gostei de ler escritores judeus americanos, acho que porque sempre encontro neles um senso de humor único. Ultimamente tenho lido Philip Roth e gosto bastante de algumas coisas que ele escreve. Peguei uma edição antiga de Complexo de Portnoy e me diverti muito com aquele tipo de ironia. O defeito da edição é que, por ser antiga, ainda se traduzia xoxota por pomba, e é esquisito para nós, nordestinos, ver alguém descrevendo o órgão sexual feminino com uma denominaçao de órgão sexual masculino. Mas o livro é hilário, principalmente com a descrição que ele faz das mulheres. Dei o livro de presente a Márcia, uma grande amiga, mas acho que ela não vai gostar muito. Às vezs o narrador é cruel demais com as mulheres. É interessante a comparação que ele faz entre uma mulher intelectual, que é uma abóbora na cama, deita, abre as pernas e pronto, e a macaca, que faz tudo quanto é estripulia sexual, mas é burra como uma porta. Com qual das duas ficar, pensa o personagem. Com nenhuma, claro. É uma história sobre a solidão e a fixação por sexo de nossa civilização. Muito bem escrito, bem humorado e inteligente. Em uma entrevista recente, Roth faz jus a esta minha admiração por seu trabalho, ao responder o que achava de não ter ganho ainda o Nobel de Literatura. “Você acha que eu ainda preciso de um Nobel?”. Gente assim merece todo o meu respeito. Roth está com 77 anos e diz que a morte nunca esteve tão presente em sua vida como agora. Amigos e parentes vão morrendo ao redor e a pessoa vai se dando conta de que essa passagem é inevitável. Não tenho essa idade ainda, mas sei muito bem o que é isso. Adeus desejos, ambições e vaidades. Uma árvore, uma criança ou um cachorro passam a ser muito mais importantes que tudo. Ele diz que o próximo livro a ser escrito é sempre um inferno. Se é para ele, que tem tantos leitores, imagine para nós, escritores potiguares, lidos só pelos amigos. Beijos para todos, e desculpem pela demora.
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Errou, amigo! Tô adoraaando! Depois, ao vivo, te digo das impressões.
Obrigada e um beijão.